Mas receio que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, assim também sejam corrompidas as vossas mentes ,e se apartem da simplicidade e pureza devidas a Cristo. Se,na verdade,vindo alguém prega outro Jesus que não temos pregado,ou se aceitais espírito diferente que não tendes abraçado, a esses de boa mente o tolerais.” (2Co11:3,4)

Já foi dito por alguém que “a pior mentira é aquela que mais se assemelha à verdade”. É neste ponto que muita gente vive enganada, achando normal àquilo que pode ser destrutivo. E neste contexto, devemos salientar que muitas práticas da “igreja contemporânea” são tão normais, que assemelha-se aquele menino que nasceu numa ilha onde todos os habitantes eram portadores de bócio; doença conhecida por Hipertrofia da glândula tireóide, ou numa definição mais simples: papo. Certo dia aquele menino foi com seu pai ao Continenti e avistou uma criança sem bócio, e apontando com o dedo disse a seu pai: “Pai, olha um aleijadinho!”.

De tanto conviver com o anormal, aquele menino achava-se normal a seus próprios olhos. Foi sobre esta reflexão que alguém disse: “Estamos tão abaixo do normal que se nos tornássemos normais o povo pensaria que fôssemos anormais”. Estamos passando por uma época muito confusa, em que muitos “Falam de Jesus”, “Pregam sobre Jesus”, Oram a Jesus”, “Cantam pra Jesus”, “Saem em marcha para Jesus”, “Fazem muitas obras e operam até mesmo muitos milagres em nome de Jesus”, porém, Aquele que sonda mente e coração há de dizer-lhes: “Nunca vos conheci” (Mt 7:21-23).

Esses falsos profetas fizeram muitos sinais, operaram muitos milagres, tudo em nome de Jesus, porém nunca foram libertados de suas naturezas iníquas, nunca nasceram de novo, nunca tiveram um relacionamento íntimo e particular com o Senhor. E tanto o que engana,quanto os que são enganados, possuem o mesmo senso de responsabilidade, pelo que também Cristo diz: “São cegos, guias de cegos” (Mt15:14). Hoje em dia, “ a mentira está tão bem assentada e a verdade tão obscurecida, que não amando a verdade não se pode conhecê-la”. Eis a razão de muitos apoiarem-se em suas crenças e religiões, supondo-se estarem em paz e receber a aprovação divina. Mas como alguém já disse: “Em muitas igrejas de nossos dias, o “deus” que está sendo pregado é tão humano, que não é digno de louvor”(vide Salmo50:16-21).

O homem natural vive de tal forma enganado, que para ele o caminho de morte é tido como direito, a verdade é detida em injustiça, o vil é aos seus olhos apreciável, o justo é desprezado como louco, e seu pai que é o diabo é tido por Deus. (comparem Pv16:25 c/ Jo8:41,44). Foi Thomas Boston quem disse: “As afeições do homem natural estão miseravelmente deslocadas; ele é um monstro espiritual. Seu coração está onde deveriam estar os seus pés, fixados na terra; seu calcanhar está levantado contra os céus,onde deveria estar fixado seu coração.”

Creio que esta é a realidade do homem caído pelo pecado. Observem bem: muitos estão seguindo em direção ao inferno, supondo-se estarem seguindo em direção ao céu. Muitos estão descendo ao inferno com o nome de Jesus nos lábios. Sendo o coração do homem enganoso e desesperadamente corrupto (Jr17:9), muitos presumem-se que “sendo melhor”, “fazendo o melhor”, “dando o melhor”, são requisitos suficientes para a sua aceitação diante de Deus; terrível engano! Isto nos lembra o que o Senhor através do profeta Ezequiel disse no capítulo 33 nos versos 31 e 32. O homem sem o novo nascimento está perdido. O pecado cegou-lhes o seu entendimento. E o mais surpreendente, é que esses indivíduos apóiam-se em seus atos de justiça própria, para se justificarem a si mesmos diante dos homens, conforme nos lembra nosso Senhor em Lc16:15.Há no coração do homem natural um desejo ardente pelo engano. Isto é característica do velho homem com os seus feitos. Existe um pensamento que esclarece este fato, diz ele: “Me engana que eu gosto”.

E neste engano, muitos vivem enganados por algumas práticas religiosas. Eles dizem: “Mas lá eles pregam a Bíblia”, “Lá o pastor fala do novo nascimento”, “Naquela igreja se prega o Evangelho”, “Minha mãe foi lá e saiu curada”, “Eu fui lá e minha vida mudou”, “Lá tem um grande homem de Deus”, etc. Neste sentido as palavra de Glênio Fonsêca Paranaguá são oportunas: “É com a Bíblia na mão e falando em nome de Jesus que as maiores heresias se propagam”.O apóstolo Paulo alertando a Timóteo sobre a apostasia dos últimos tempos, disse que isto é inevitável.(1Tm4:1,2). Muitos que trazem suas credenciais supostamente cristãs, sejam pastores, presbíteros, bispos, apóstolos, anciãos, padres, papas, etc, na verdade são instrumentos de Satanás para arrastarem multidões para o inferno. E isto não é para admirar-se porque está escrito sobre isto em 2Co11:13-15.

O joio assemelha-se ao trigo em sua evolução, mas é distinguido pelos seus frutos que revelam sua verdadeira origem. A tática diabólica investe pesado na área do engano. O adversário sabe que pervertendo o líder, certamente atingirá os seus ouvintes. Mas está escrito acerca do fim dos enganadores (2Tm3:13).Já foi dito por alguém que “Deus pôs a igreja no mundo, e Satanás não tem feito outra coisa senão colocar o mundo na igreja”. Mas não há compatibilidade entre luz e trevas conforme lemos em 2Co6:14-16a. No texto base de nossa reflexão, o apóstolo Paulo advertia a igreja em Corinto sobre um “outro Jesus”, mas também ele fala sobre um “espírito diferente” e um “evangelho diferente” ou “outro evangelho”. Sobre este, ele também alertou os crentes da Galácia em Gálatas 1:6-9. Não há outro evangelho, senão que alguns pervertem o evangelho de Cristo.

O inimigo sabe que é pelo evangelho de Cristo que a imagem de Deus é restaurada no homem regenerado, por isso investe seus ataques para subvertê-lo (2Co 4:3,4). É no evangelho que descobre-se a justiça de Deus, por isso vemos a decisão de Paulo junto aos coríntios em certificar-se sobre a verdade que liberta (1Co 2:2). Não há libertação do pecador enganado fora de “Jesus Cristo e este crucificado”. Não diz o apóstolo: “porque decidi nada saber entre vós a não ser Jesus Cristo”, mas, “porque decidi nada saber entre vós a não ser Jesus Cristo, e este crucificado”. Porque esta decisão? Porque este acréscimo: “Jesus Cristo, e este crucificado?”. Porque a palavra da cruz é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê (1Co1:18).

Os crentes em Cristo Jesus são libertados do engano pelo conhecimento da verdade conforme João 8:31,32.
Este não é um assentimento intelectual, mas revelação experimental. (Jo 14:6). Somente pelo Filho de Deus e sua obra redentora, o homem poderá chegar-se a Deus (Jo 8:34,36). A verdade das Escrituras testificam que Cristo nos atraiu a Si em seu corpo quando foi crucificado (Jo 12:32). Sendo atraídos por Cristo na sua crucificação, também morremos juntamente com Ele (Rm 6:4ª). Pela nossa inclusão em sua morte, temos a garantia de nossa ressurreição juntamente com Ele (Rm 6:5).

Como resultado de nossa morte e ressurreição em Cristo, Deus nos fez um novo homem, dando-nos um novo nascimento – a vida de seu Filho, livres de toda sorte de engano (2Co 5:17, Gl 2:19b, 20). Dessa forma, fomos libertos do velho homem (Rm 6:6), do eu (Gl 2:19b), da carne (Gl 5:24), do mundo (Gl 6:14), do reino das trevas (Cl 1:13), do pecado (Ap 1:6), do engano (Ef 4:22-24), e de todos os inimigos possíveis que se levantam contra nós (Hb 7:25). Cristo é a nossa salvação. Aleluia!

Levi Cândido